quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Before late, than never - Eu sei isso não existe!

Sempre tem alguma coisa que fica de lado. O pobre do meu blog vive assim, à esquerda ou à direita das minhas atividades rotineiras.
Nos últimos tempos eu tenho: estudado teatro, canto e dança. Não, eu não estou me preparando para um musical, claro, eu gostaria de estar. Mas descobri que fazer todas essas coisas é consequência de uma necessidade sem explicação.
Também entrei num curso de iniciação à dramaturgia, uma das melhores escolhas de que posso me gabar. Até hoje, independente do gênero, tudo o que escrevi, escrevi por intuição. É muito legal experimentar o outro lado da moeda, escrever por profissão. Que bom seria ganhar uma grana escrevendo, trabalho dos sonhos eu diria. Trabalho dos sonhos, de verdade, é o do Claudio Botelho. Ele ganha uma grana escrevendo versões para musicais! Ele adora musicais e trabalha pensando neles! Sensacional!
No decorrer desse meu curto curso de dramaturgia, produzi dois monólogos, qualquer hora eu posto um deles aqui. Também pensei em copiar uma amiga minha, e criar um vlog, mas fico com preguiça. Ando "precisado de organizar" minha biblioteca virtual e me falta disposição, quem dirá se eu quiser aprender a usar um editor de vídeos, ou ainda pior, se eu quiser aprender a usar o youtube. Vou postergar essa vontade. Já sei... No dia em que terminar de pôr em ordem meus e-books eu penso de novo no vlog. Ah, além disso me falta disposição também pra divulgar o vlog. Nem o blog eu divulgo! Acho que não tenho paciência pra política na internet... Ah é, quem sabe, no futuro, eu não resolva montar um perfil no facebook, além de reavivar o meu twitter. Ah... Deixa... Vou é terminar de ler Clarice Lispector que ganho mais! É, nos últimos tempos, se não estou lendo sobre teatro, estou lendo livros de meninas. Finalmente encontrei na rede Madame Bovarry em Português, puxa... Que livro bacana!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

VOZ

Estou saindo da pior rouquidão que já me aconteceu. A voz falada já é quase normal, a cantada, ainda está longe do que costuma ser, mas sinto que não me abandonou, mesmo que os falsetes teimem em não funcionar.
Detesto estar rouco! Sabia disso antes, porém, só a falta da água é que nos faz entender o quanto ela é importante. Que horror, além de afônico, também ando piegas.
O que eu quero dizer é o seguinte. Minha boa disposição no que concerne ao mundo, tenho lá as minhas razões, pauta-se no modo como lido com a voz que me foi outorgada. Se estou de bem com ela, é 50% mais provável que esteja de bem com o restante.
Sou cheio de complexos, às vezes acho que é bom discutir um ou outro comigo mesmo, às vezes, no entanto, acho que discutir não leva a nada, que é como chutar cachorro morto. Meu azar é que, se puder evitar, nunca vou chutar cachorro nenhum.
Quero pôr o assunto da voz na roda. Vou fazer um resumo. Não enxergo bem, então preciso compensar, preciso falar bem. E me chama a atenção as pessoas que falam bem. Não adianta ter uma bela voz, aliás, belas vozes não existem, belas vozes são conceitos.
O que é uma bela voz?
Pergunta retórica.
Melhor e querer saber para quem a bela voz é bela. Para quem e por qual motivo. Apresentadores de jornal têm belas vozes. Não. Apresentadores de jornal sabem usar as vozes que têm. Então, vai ver que é isso, vai ver que beleza de voz reside no saber usá-la.
Grandes cantores deveriam possuir belas vozes, mas isso não acontece sempre. Grandes cantores têm grandes técnicas, grandes talentos, grandes habilidades. Tudo independente da anatomia da caixa fonadora, órgão que determina com que cara o som deixa as nossas bocas.
Há quem ouça um cantor e diga que ele tem uma linda voz, porque ele alcança notas agudas, ou notas graves, ou um volume gigantesco. Há quem opine a favor de um cantor se o sujeito emitir aqueles vibratos todos, ou aquele som entubado vindo das profundezas da garganta. Tudo é questão de gosto.
Estou escrevendo e pensando em citar nomes, exemplificar. Afinal, quando o assunto é tão abstrato, dizer sei lá o quê de sei lá quem as coisas ficam mais fáceis. Mas, tudo é questão de gosto. E ainda que a internet tenha se transformado nesse campo de batalha, onde a arma principal é o argumento irresponsável, não acho que isso seja justo. Prefiro continuar não curtindo determinadas vozes em particular, assim como prefiro continuar adorando determinadas vozes em anonimato.
Só pra ser contraditório. Tem gente que não fala tão bem quanto poderia, que não respira adequadamente, que atropela as palavras, mas que, se abrir a boca, terá toda a minha dedicação. Essa gente é uma gente que, por mais que não diga como devia dizer, sabe o que significam as sílabas que pronuncia.
E... Sim... Se um artista comete um erro muito grave de concordância num discurso, ele automaticamente cai no meu conceito..
Acho que sou um pouco preconceituoso. Ok, preciso pensar mais nisso. Preconceito admitido é preconceito revisto, se não ainda, será.
Novo ponto. Não enxergo, logo, se me interesso por alguém, sexualmente ou afetivamente, o pontapé de partida é a voz, não tenho como evitar. Hum... Não tenho muito mais o que falar acerca desse tópico. Prefiro fugir dele.
Pronto. Fugi.
Cansei.

Livro que ando lendo!

SINOPSE –

Arthur Alforjes é um artista talentoso, bonito, divorciado, jovem e bem resolvido financeiramente.
Adelaide é uma adolescente de personalidade forte, intensa e que leva uma vida confortável.
Arthur e Adelaide são pai e filha. Um pai e uma filha vivendo juntos e sozinhos, aprendendo aos trancos e barrancos como lidar com a própria interdependência, como manter saudáveis as conexões com o mundo exterior e como conviver de maneira tranquila com a deficiência visual.
Encontramos o Gato Verde é um diário, dividido em três partes, no qual a dupla supracitada se propõe a compartilhar algumas das suas experiências mais particulares, tendo por objetivo a melhor compreensão daquilo pelo que passaram. Ambos, de maneira aberta, escrevem sobre suas perdas, suas conquistas, temores e ousadias. Além disso, discutem tabus como preconceitos velados e sexualidade.
Adelaide, a despeito do universo encapsulado que habita, descobre-se frágil, suscetível a riscos e ferimentos de fato. Ao longo de sua primeira infância, a garota vê-se rotulada como uma criança diferente, vê-se vítima da visão subnormal, coisa que, segundo ela mesma, é muito mais complicada de explicar do que a cegueira completa.
Arthur, antes ego-centrado, de repente, passa a enxergar, dentre seus instintos mais arraigados, uma paternidade superprotetora, quase maternal. E contra ela, declara uma guerra cotidiana, silenciosa, porém, não menos dolorida e culpada.
Este projeto, um pequeno projeto de uma pequena família, não possui didatismos, nem mesmo se pretende politicamente correto, quer apenas demonstrar que não existem portadores de necessidades especiais. Afinal, as necessidades básicas de qualquer um, seja o sujeito deficiente ou não, são sempre iguais.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Romance

Romance é um projeto longo demais, quando você vê, ele ainda não acabou e você já é outro escritor. O consolo é que, se o trabalho tiver acontecido de maneira consistente, ele se sustentará por conta própria, você não terá argumentos para ignorá-lo. De repente, você descobre que respeita o autor que já foi um dia.
Agora preciso prová-lo, quero vê-lo fora do meu computador... Eu o verei!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Registro

Eu estou com raiva, com muita raiva! Assassinaram uma gatinha que apareceu na varanda aqui de casa faz alguns dias. Ela era linda, olhos azuis e muito carente. Não posso fazer acusações, para variar. A covardia é incrível! Fico me perguntando como é que alguém consegue deitar e dormir.
Essa criatura preparou o veneno, armou o seu plano, arquitetou a morte. Então deu as costas e esperou, esperou e não pensou na dor que provocou, não pensou na crueldade que promoveu. Que grande mal terá feito uma pequena gatinha? Nasceu, por certo. Riscar o carro? Sinceramente, cinquenta mil reais vale a alcunha de matador? Para muita gente, parece que sim. Rasgar o saco de lixo é razão bastante para que se morra? Pelo visto, há quem tenha uma resposta positiva para esta questão.
As pessoas selecionam o seu afeto. Tudo bem amar o meu cãozinho, ele é melhor que os outros animais, ele é meu. Acho que é assim que funciona as cabeças quadradas dos meus vizinhos.
Entretanto, vislumbro um consolo, a lei do retorno existe, e nisso eu acredito. E espero que nenhum desses me venha com essa de, pelo amor de Deus em qualquer situação futura. Eu, ateu, não tenho coragem para tamanha maldade, eu, sem religião, não sou desse tipo de covarde, eu, um homem sem fé, não sou assassino de bichos indefesos.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tradução livre de SKYLINE PIGEON - John&Taupin

Quero me libertar de suas mãos,
Quero voar para longe.
Assim, por sobre campos verdes, árvores, montanhas,
Flores e nascentes,
Voltaria para casa pelos caminhos do céu.

Neste quarto escuro, onde me encontro, solitário,
Há uma assombração carregada de tristeza.
Enquanto isso, meus olhos refletem o mundo lá de fora,
Vejo e sinto como o vento, facilmente, muda de direção.
Então, as tais sombras, de púrpura, passam a cinza
Sob as vistas de um pobre pombo, vindo do limite do horizonte,
Que sonha com o ar livre,
Que sonha com o dia em que será capaz, novamente,
De abrir as asas e alçar vôo.

Voe para longe, Pombo vindo do horizonte,
Vá de encontro aos sonhos que uma vez deixou para trás.

Só quero acordar de manhã e
Sentir o cheiro do mato recém cortado,
Só quero rir e chorar, viver ou morrer
Ao sabor da luz do dia.

Eu quero ouvir os sinos distantes das igrejas cantarem,
Mas acima de tudo, por favor, quero que me liberte dessas doloridas amarras,
Quero que abra a gaiola na direção do Sol,
Abra para este pobre Pombo, vindo do limite do horizonte,
Que sonha com o ar livre,
Que sonha com o dia em que será capaz, novamente,
De abrir as asas e alçar vôo.

Voe para longe, Pombo vindo do Horizonte,
Vá em direção às coisas que uma vez deixou para trás.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Há Quem Use

Há quem use uma bengala tátil para ir aonde se quer. Há quem use uma cadeira de rodas, há quem use um par de muletas, há quem use uma prótese em lugar do pé, pois deste modo, pode-se ir aonde se deseja.
Há quem use uma peruca para disfarçar o excesso de testa que foi confiado a sua cabeça. Há quem use uma dentadura para morder a maçã.
Há quem use a ioga para aliviar as tensões, há quem use, para tanto, o futebol. Há quem use a maconha, há quem use o sexo, há quem use a masturbação...
Então, o que vale, é saber pintar estrelas no muro para, enfim, ter o CÉU ao alcance das mãos.


Baseado na obra de Helena Kolody