Estou saindo da pior rouquidão que já me aconteceu. A voz falada já é quase normal, a cantada, ainda está longe do que costuma ser, mas sinto que não me abandonou, mesmo que os falsetes teimem em não funcionar.
Detesto estar rouco! Sabia disso antes, porém, só a falta da água é que nos faz entender o quanto ela é importante. Que horror, além de afônico, também ando piegas.
O que eu quero dizer é o seguinte. Minha boa disposição no que concerne ao mundo, tenho lá as minhas razões, pauta-se no modo como lido com a voz que me foi outorgada. Se estou de bem com ela, é 50% mais provável que esteja de bem com o restante.
Sou cheio de complexos, às vezes acho que é bom discutir um ou outro comigo mesmo, às vezes, no entanto, acho que discutir não leva a nada, que é como chutar cachorro morto. Meu azar é que, se puder evitar, nunca vou chutar cachorro nenhum.
Quero pôr o assunto da voz na roda. Vou fazer um resumo. Não enxergo bem, então preciso compensar, preciso falar bem. E me chama a atenção as pessoas que falam bem. Não adianta ter uma bela voz, aliás, belas vozes não existem, belas vozes são conceitos.
O que é uma bela voz?
Pergunta retórica.
Melhor e querer saber para quem a bela voz é bela. Para quem e por qual motivo. Apresentadores de jornal têm belas vozes. Não. Apresentadores de jornal sabem usar as vozes que têm. Então, vai ver que é isso, vai ver que beleza de voz reside no saber usá-la.
Grandes cantores deveriam possuir belas vozes, mas isso não acontece sempre. Grandes cantores têm grandes técnicas, grandes talentos, grandes habilidades. Tudo independente da anatomia da caixa fonadora, órgão que determina com que cara o som deixa as nossas bocas.
Há quem ouça um cantor e diga que ele tem uma linda voz, porque ele alcança notas agudas, ou notas graves, ou um volume gigantesco. Há quem opine a favor de um cantor se o sujeito emitir aqueles vibratos todos, ou aquele som entubado vindo das profundezas da garganta. Tudo é questão de gosto.
Estou escrevendo e pensando em citar nomes, exemplificar. Afinal, quando o assunto é tão abstrato, dizer sei lá o quê de sei lá quem as coisas ficam mais fáceis. Mas, tudo é questão de gosto. E ainda que a internet tenha se transformado nesse campo de batalha, onde a arma principal é o argumento irresponsável, não acho que isso seja justo. Prefiro continuar não curtindo determinadas vozes em particular, assim como prefiro continuar adorando determinadas vozes em anonimato.
Só pra ser contraditório. Tem gente que não fala tão bem quanto poderia, que não respira adequadamente, que atropela as palavras, mas que, se abrir a boca, terá toda a minha dedicação. Essa gente é uma gente que, por mais que não diga como devia dizer, sabe o que significam as sílabas que pronuncia.
E... Sim... Se um artista comete um erro muito grave de concordância num discurso, ele automaticamente cai no meu conceito..
Acho que sou um pouco preconceituoso. Ok, preciso pensar mais nisso. Preconceito admitido é preconceito revisto, se não ainda, será.
Novo ponto. Não enxergo, logo, se me interesso por alguém, sexualmente ou afetivamente, o pontapé de partida é a voz, não tenho como evitar. Hum... Não tenho muito mais o que falar acerca desse tópico. Prefiro fugir dele.
Pronto. Fugi.
Cansei.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Livro que ando lendo!
SINOPSE –
Arthur Alforjes é um artista talentoso, bonito, divorciado, jovem e bem resolvido financeiramente.
Adelaide é uma adolescente de personalidade forte, intensa e que leva uma vida confortável.
Arthur e Adelaide são pai e filha. Um pai e uma filha vivendo juntos e sozinhos, aprendendo aos trancos e barrancos como lidar com a própria interdependência, como manter saudáveis as conexões com o mundo exterior e como conviver de maneira tranquila com a deficiência visual.
Encontramos o Gato Verde é um diário, dividido em três partes, no qual a dupla supracitada se propõe a compartilhar algumas das suas experiências mais particulares, tendo por objetivo a melhor compreensão daquilo pelo que passaram. Ambos, de maneira aberta, escrevem sobre suas perdas, suas conquistas, temores e ousadias. Além disso, discutem tabus como preconceitos velados e sexualidade.
Adelaide, a despeito do universo encapsulado que habita, descobre-se frágil, suscetível a riscos e ferimentos de fato. Ao longo de sua primeira infância, a garota vê-se rotulada como uma criança diferente, vê-se vítima da visão subnormal, coisa que, segundo ela mesma, é muito mais complicada de explicar do que a cegueira completa.
Arthur, antes ego-centrado, de repente, passa a enxergar, dentre seus instintos mais arraigados, uma paternidade superprotetora, quase maternal. E contra ela, declara uma guerra cotidiana, silenciosa, porém, não menos dolorida e culpada.
Este projeto, um pequeno projeto de uma pequena família, não possui didatismos, nem mesmo se pretende politicamente correto, quer apenas demonstrar que não existem portadores de necessidades especiais. Afinal, as necessidades básicas de qualquer um, seja o sujeito deficiente ou não, são sempre iguais.
Arthur Alforjes é um artista talentoso, bonito, divorciado, jovem e bem resolvido financeiramente.
Adelaide é uma adolescente de personalidade forte, intensa e que leva uma vida confortável.
Arthur e Adelaide são pai e filha. Um pai e uma filha vivendo juntos e sozinhos, aprendendo aos trancos e barrancos como lidar com a própria interdependência, como manter saudáveis as conexões com o mundo exterior e como conviver de maneira tranquila com a deficiência visual.
Encontramos o Gato Verde é um diário, dividido em três partes, no qual a dupla supracitada se propõe a compartilhar algumas das suas experiências mais particulares, tendo por objetivo a melhor compreensão daquilo pelo que passaram. Ambos, de maneira aberta, escrevem sobre suas perdas, suas conquistas, temores e ousadias. Além disso, discutem tabus como preconceitos velados e sexualidade.
Adelaide, a despeito do universo encapsulado que habita, descobre-se frágil, suscetível a riscos e ferimentos de fato. Ao longo de sua primeira infância, a garota vê-se rotulada como uma criança diferente, vê-se vítima da visão subnormal, coisa que, segundo ela mesma, é muito mais complicada de explicar do que a cegueira completa.
Arthur, antes ego-centrado, de repente, passa a enxergar, dentre seus instintos mais arraigados, uma paternidade superprotetora, quase maternal. E contra ela, declara uma guerra cotidiana, silenciosa, porém, não menos dolorida e culpada.
Este projeto, um pequeno projeto de uma pequena família, não possui didatismos, nem mesmo se pretende politicamente correto, quer apenas demonstrar que não existem portadores de necessidades especiais. Afinal, as necessidades básicas de qualquer um, seja o sujeito deficiente ou não, são sempre iguais.
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